sábado, 29 de outubro de 2016

METAMORFOSE


Em meio ao multicolorido jardim, a mulher regava flores. Um transeunte que passava, de tal maneira absorvido na beleza daquela imagem, tornou-se, de repente, poeta.
Poeta, não se cansava de olhar as estrelas. Tão próximas de si tentava colher aquelas que caíam.
No dia que ouviu estrelas se tornou Olavo Bilac.
Aquele Paulo que caiu do cavalo, amava tanto a Jesus que não mais vivia,
Jesus vivia nele.
Era amigo da verdade. Fugia do escuro e do obscuro. Poderíamos chamá-lo Senhor Translúcido. Tal como as janelas, abria-se para entrar luz.
Até que veio a ser a própria luz.
Ainda igual às janelas, abria-se para entrar os ares da liberdade. Tão livre queria ser que erguia os braços, enchia os pulmões... E quase voava. Era como um cão sem coleira correndo pelo parque da vida. Tinha pena da Estátua da Liberdade, imóvel e presa num pedestal. Porque ele não era estátua,
Era a própria liberdade
O pequenino riacho um dia sonhou ser o mar. Resoluto, jogou-se no rio. Este em rio maior. Em sucessivas metamorfoses finalmente chegou ao mar, se fundiu no mar,
Se tornou o próprio mar.
Não gostava dos quadradismos da cidade. Desceu em barco convexo as curvas sinuosas do rio. Sua íris passou por baixo do arco-íris,
balançou-se nas ondas do mar,
observou a leve curvatura da Terra e
na praia as curvilíneas mulheres.
Nos anos 60, Brasília inteira curvou-se em suas mãos.
Do côncavo e do convexo, nasceu o Congresso Nacional.
Curvas delineadas por mágicas mãos:
o mundo se curva aos seus pés!
De onda em onda, de curva em curva, de arco em arco,
metamorfoseou-se no Oscar Niemeyer.

>>> Este é apenas um trecho desse texto que estará disponível no livro "Somos 1", que será lançado no dia 19 de novembro, das 14h às 17h, no Paço da Liberdade, em Curitiba<<<<

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