quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Todo dia 7, 17 e 27 vejam na nete o blábláblá do Zeti.

MIL VEZES MÃE

de: Zetti Nunes

Nossa Senhora:
Dora em diante bendito é o fruto
Da tua essência.
Com tua anuência veja agora
Aquela outra "senhora"
De quatro patas – focinho
Que em dezembro 24
Assam o filho porquinho.
Festival pleno de horrores
Porca madona das dores
Todo ano – me ufano de ser.
Mil vezes te matam te assam, te comem,
Mil vezes sou mãe
Mãe pata Mãe vaca
Mãe gata Mãe cabra Mãe cobra
Coelha, ovelha, galinha,
Abelha rainha. Mãe natureza!
Mãe Terra! Em toda beleza
Que esta palavra encerra! Terra – terráqueos,
Humanos – batráquios
Como se fossem um só
É pau – é pedra – é pó
Se berra ou não berra se é bicho da terra,
Dos ares, dos mares,
Com barba ou sem barba
Com rabo ou sem rabo
Com asa ou sem asa
Com teta ou sem teta
É aqui sua casa Planeta azul borboleta
Primo – primata – macaco
Bem vindos a este mui lindo barraco
Somos todos, farinha do mesmo saco.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Todo dia 7, 17 e 27 vejam na internete o blábláblá do Zetti.

NATAL
de: Zetti Nunes

Natalício de Jesus menino!
Suplício de perus e suínos
Mas em todos os natais,
Tem Jesus e animais.
Amado presépio armado
Por um coração Bichado
Que foi Francisco de Assis.
Cenário divino e lindo: menino sorrindo,
Mulher dando o seio, e animais no meio.
Que pena! Que pena!
Veja a próxima cena:
Natalício de Jesus menino!
Suplício de perus e suínos
Evento e advento inglório
Nascimento e velório
Sempre que Jesus Nasce tem defunto animal
Novamente lhe pergunto: tem sentido o Natal?
Ademais o que mais causa espanto
É esse canto que diz: Noite feliz! Noite feliz!
Bom seria fosse um hino manifesto dos suínos
De revolta e de protesto.
E milhões de outros bichos.
Tem sentido tudo isso?
E milhões de outros bichos.
Tem sentido tudo isso?

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

A NÃO SER QUE...

Todo dia 7, 17 e 27 vejam na internete o blábláblá do Zetti.

A NÃO SER QUE...
(Zetti Nunes)

O amor é ilusão.
Total e completa ilusão, a não ser que seja radical
E contemple tudo o que vive.
Sexo é ilusão.
A não ser que seja um encontro não só do instinto,
Mas de todo o ser e do cosmos.
Fraternidade universal é um delírio e uma piada,
A não ser que respeitemos tanto um humano pescando
Quanto um peixe que ele desrespeita.
Não têm sentido a vida
A não ser que a sua semente venha de uma árvore comum
Que, por sinal ainda existe.
Há trilhões de anos existe uma árvore com velhas raízes
E um tronco comum que são todos os viventes
E seus frutos são os mesmos.
É a árvore genealógica da vida.
Gente, qual é a lógica?
Da mesmíssima semente é que viemos.
Meus textos são obscuros
A não ser que abras o coração
Para ver uma luz no final desse túnel.
Nada a ver comigo os poéticos textos
A não ser que eu mesmo
Seja um poema inserido no contexto.
Como assim, espinheira santa?
Até as folhas tuas têm espinhos!?
A não ser que teus espinhos sejam remédio.
Meu desejo é parecido com a espinheira:
Que algum aparente espinho dos meus textos seja remédio.
Voltas e mais voltas e voltamos no mesmo lugar.
Onde está a reta que é atalho?
A não ser que emendemos retalhos
Para fazer da vida
Uma colcha de retalhos onde nada se despreza.
Façamos de uma mosca azul,
Um grilo, um beija-flor,
Um bezerro e uma criança
Uma linda colcha de retalhos.