domingo, 26 de abril de 2020


A ÁRVORE GENEALÓGICA DA VIDA
(Zetti Nunes)

Diz Kmurt que para bem retratar uma árvore seria preciso que a pintora contemplasse horas e horas — não é identificar-se — se enraizasse nela até que se torne a própria.
Na medida em que a pintora e a árvore se tornarem uma coisa só, teria ela o direito — digamos assim— de pintá-la.
Simpatia é uma atração ou aprovação; empatia é uma compreensão emocional como faz a psicóloga, qual seja, sem sofrer e sem aprovar ou desaprovar. Do mesmo jeito tomamos as dores de um ser, sem precisar sentir dor.
Voltemos a arvore. Se estendermos a pintura no seu entorno e sem nada excluir, estamos também no retrato e somos a paisagem que se estende até onde alcança nossa imaginação. Tudo se intromete e se introjeta na tela. O beija-flor está lá, mas a aranha caranguejeira também se exibe.
A contemplação e a reflexão caminham juntas até que o mundo seja nós e nós o mundo; até que tomemos as dores do mundo sem no entanto sofrermos. Não só: quão lindo é uma enfermeira tomar as dores dos enfermos com esse vírus.
Diz a Bíblia que “naquele” instante o casal se torna uma só carne. Aqui pra nós: é gemer sem sentir dor! É a empatia entre o mundo e eu; é a vida que move a compaixão entre o mundo e eu.
Feche comigo teus dois olhos e abra um terceiro. Dos rincões espaciais uma chuva dourada de estrelas te invadirá; é um Campo Largo a se perder de vista.
Dizem ali em Florianópolis: não é mais  “exxxtreito” o nosso peito; vixxte? — coisa mais bela nesse mundo não existe.
Voltemos à árvore. Desta vez a árvore genealógica de todos os nossos parceiros debaixo do céu.
A semente primeira gerou a primeira raiz; a raiz gerou um rebento; do rebento um caule; o caule um tronco pré-adolescente; esse pré o tronco em si; o tronco os galhos; dos galhos os ramos; dos ramos as folhas, flores e enfim os frutos. Por analogia os frutos são todas as manifestações dos seres e da vida, a semente, porém, é única, una, univérsica. E os parceiros da vida são ao mesmo tempo, semente e sementeira.
Há três ou quatro meses atrás, sonhei que estava no seminário onde estudei e o Reitor me disse quando voltei de férias: este ano o seu trabalho é espalhar a semente. Ele não disse qual, mas depois que acordei, entendi. Estendo essa mensagem a você cara e minha cara.
A paisagem dos campos gerais do mundo não cabe no retrato do quadro na parede, todavia se enquadra no coração que se infla e se expande na medida em que não tem medida.
Paz a todos os seres.

Todo dia 7 17 e 27 vejam na internet o blábláblá do Zetti 

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