quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019


Todo dia 7, 17 e 27 leiam na internet o blábláblá do Zetti

Aqui vai um pouco de mim por tal razão o texto será inserido na última página do livro “SOMOS 1” (livros 3)

AMANHECER NÃO É ROTINA
Zetti Nunes 


É bom a energia da terra, pés descalços neste menino de 75 marços.
Sempre aquela mesma pergunta: grande eloquente olhar, onde te escondes? Onde estás que não respondes?
Noite e dia, monotonia.
No seu pequeno planeta, este menino apenas recua a cadeira e quando quer, a cada quinze minutos vê a aurora. São noventa e seis por dia.
Mas pra que diz você, esperar tantas moças e tantos olhares? 
— Impossível!
Esperar é assim: todos os dias amanhece dentro de mim. São dois sóis que se erguem no leste. Primeiro aparecem os lindos cabelos, depois orelhas, testa, sobrancelhas. Em seguida dois eloquentes sóis que incendeiam os meus. Quatro sóis é um perigo, dá combustão expontânea! Quatro tochas que formariam um fogaréu e incendiaria o mundo.
Sonho meu! Que judiaria Rei Salomão! —Você com seiscentas e eu aqui na mão? Não é uma judiação Salomão, um velho com tanta teesss... souro!
A monotonia é o real, o delírio é o surreal. Muitas vezes vi esse filme! Quando piso firme no chão as duas tochas de novo se escondem por trás do monte e entram na toca sem fundo da não existência.
Perdi um gol feito, redigo ao Rodrigo! Mas na reprise da tv (digo ao outro Rodrigo) garanto que a bola vai entrar.
Acorde! Digo pra mim: puta que o pariu: se aos quatorze anos um brinco dourado de treze não me viu, como poderia hoje me ver, um lindo brinco de trinta e cinco?
Pedro pondera: tio-tio Zetti teu pio-pio aos 97 será como meu xará São Pedro que foi crucificado de cabeça pra baixo! Pedro é justamente esse santo que curou um coxo e vai curar este “coxa”. Em resumo as palavras que São Pedro disse ao coxo foram: em nome de Jesus, levante! (atos 3,6 e no 8 a segunda frase).
No restaurante, no ônibus, no ritual daimista ou no Bugre-Lugarejo, sempre a vejo.
É agora! Penso. Depois não é mais. A mesma lenga lenga sem sal, japonês tudo igual! Rotina caso a caso. Neste ocaso da minha vida também.
A cada ano entardeço, mas nunca é tarde para amanhecer.
É ilusão dizem todos. Se é ou não é, me deixem assim que é pra nunca anoitecer em mim.
Seria eu um morto vivo se não sonhasse.
Não! — pés no chão me dá apoio pra pular no caixão.
O jeito então  é arredar a cadeira até Foz do Iguaçu sem dar as costas pro leste e então espiar novamente a aurora. Desta vez quem sabe! — hein Aurora?
Minha espera é igual à daquele cão que morreu de velho no mesmo lugar em que sempre esperava seu dono. Quando ouvia uns passos levantava a cabeça. Muitos anos esperou ali seu amigo que tinha ido para a rotina do trabalho. Era o que supunha o cão. Em fria verdade seu amigo havia ido pra guerra.
Lembro outra história no livro “Terra dos Homens”. Saint’ Exupery se perdeu no deserto do Saara. Só via duas coisas: areia sem fim e um árabe com um balde de água andando na sua direção.
No caso dele era o delírio da sede.
No meu “ocaso”, é a sede pela essência de todos nós: a busca da unidade e da beleza do amor.
Já faz uma hora.
Com sua licença, vou ao Chile e arredo minha cadeira até o alto das cordilheiras.



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