quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

LEITÃO PURURUCA
(Zetti Nunes)

Mil Vezes Mãe

Sou aquela mesma senhora
De quatro patas – focinho
Que em dezembro 24
Assam o filho porquinho.
Festival pleno de horrores
Porca madona das dores
Todo ano – me ufano de ser.
Mil vezes te matam, te assam, te comem,
Mil vezes sou mãe
Mãe pata
Mãe vaca
Mãe gata
Mãe cabra
Mãe cobra
Coelha, ovelha, galinha
Abelha rainha.
Mãe natureza!
Mãe Terra!
Mãe: em toda beleza
Que esta palavra encerra!

Todo dia 7 17 e 27 vejam na nete o blablablá do Zetti

terça-feira, 24 de dezembro de 2019


CONVERSA DE MENINOS
(Zetti Nunes)
         Querido amigo:  dentro de mim vive um menino com a tua idade, aquela em que você conversou com os doutores da lei.
          Jesus, hoje 25, é teu aniversário e corre um rio de sangue para te festejar. Fique comigo Jesus, não queira nascer no meio de cadáveres. Venha brincar comigo e os filhotes de animais.
         Lembra-se de quando éras grande que pegavas os cordeirinhos no colo?
         Você não é hipócrita, traiçoeiro, açougueiro. Quero ser tua voz, em nome desses filhotes e mães que não têm voz.
         Já no dia 24 paira no ar um prenúncio de morte. Não quero ficar mudo e até mudo o versículo bíblico: os que se dizem cristãos, rugem como leões e rondam os galpões e cercados de animais procurando a quem devorar (1 Pedro, 5,8).
Jesuszinho, você lá na gruta foi aquecido pelos animais. Agora eles é que pedem que você os aqueça: é tão frio lá nos frigoríficos!
          Quando você era grande, lembra do que disse: "Eu vim para que tenham vida" (João 10, 10).
         Amigo poetinha, quando eras grande, de certo abriu os braços quando disse: "Olhai as aves do céu, ... os lírios do campo..." (Mateus 6, 26); “Jerusalém ... quis reunir os teus filhos, como a galinha acolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas” (Mateus 23, 37).
            Mas Jesus Cristinho, as crianças das cidades nunca viram essa linda cena, e as galinhas poedeiras dos grandes galpões não os chama para debaixo de suas asas, são apenas fábrica de ovos, porque a chocadeira é que faz o papel de mãe.
         É só os seres humanos que merecem compaixão?
         -Hein, Jesus?
         Pergunte aos cristãos, respondeu o menino Jesus.

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domingo, 22 de dezembro de 2019


DESCULPE-ME!
(Zetti Nunes)

 Por trás da costela assada que é o escudo natural de meus amigos, havia um coração. Perdão amiga (o), não consigo ficar indiferente e você não é tão inocente.
         Veja só.
         O fazendeiro grileiro de terras que deseja matar seu inimigo, contrata um pistoleiro que é o mesmo que um açougueiro e este o telefona dizendo:
         - Seu dotô, o serviço tá feito!
         - Como prova leia amanhã naquele jornal que quando se espreme sai sangue.
         E o açougueiro, perdão, o fazendeiro, tranquilo e faceiro, foi passear no shopping com sua família.
         Desculpe-me, mas é assim que você faz: contrata um açougueiro que é o mesmo que um pistoleiro para matar e comer um animal que por sinal não te fez nenhum mal.
         Desculpe-me novamente: você manda matar esses meus amigos e quer que eu fique indiferente?!
Bom Natal e Paz a todos os seres

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segunda-feira, 16 de dezembro de 2019


QUEM PUDER ENTENDER QUE ENTENDA
(Zetti Nunes)

Nas Galáxias ou além delas há vida.
Não estamos sozinhos neste planetinha minúsculo.
A surpresa maior, no entanto,
É a descoberta do “TU”.
Evolução é um despertar contínuo,
Exceto este ver instantâneo que é
Uma explosão.
Existir o TU é o tu-do.
Mas o que isso significa?
O primeiro passo é que
Não estamos sozinhos.
Na medida em que
Apenas ficarmos ai,
Sem desdobramentos racionais
É TUDO.
Simplesmente constatar.
É premente constatar o fato
De não estarmos sozinhos.
Nada mais então será preciso.
É o primeiro senão também
O último passo.
É inútil mil palavrórios do passado
Porque cada um
Tem a chave desse entendimento.
Abrir o portal num repente
É ficar face a face,
Faceafaceafaceafaceaface
Com o amor.

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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019


OS FACILITADORES
(Zetti Nunes)

Dois imersos na mesma frequência parece que rimam,
Porque a essência atrai o diverso como um imã.
O Ungido facilitou meus textos
Ao facilitar ou explicar aos apóstolos:
Quem me vê, vê o Pai.
Até então desconhecia que sua mãe Maria era parteira.
Grávido que estava de trigêmeos Ela facilitou o parto
E dei a luz meus filhos quero dizer três livros que na verdade é um só.
Próximo de Mangueirinha – PR e do outro lado do Rio Iguaçu
Tem outro Rio Jordão onde meu filho foi batizado
E o Espírito movente e de maneira eloquente
Anunciou: “Este é meu filho muito amado. Ouçam-no!”.
Meu outro facilitador foi Heráclito 500 anos a.C:
“É sábio... confessar que todas as coisas são uma”.
1.600 anos após a Cidinha, quero dizer minha parteira,
Giordano Bruno foi no rumo do Cristo e Pai Uno:
“Para entrar na unidade, é preciso que cada um seja os dois ao mesmo tempo”.
Por último as minhas lindinhas irmãs Dora e Celita
Facilitaram meus leitores ao comentarem juntas o meu 3º Somos 1.
Sem querer querendo, deram um exemplo de unidade.
Então não digo no plural que elas foram facilitadoras
E sim: Ela foi fa-Celita-Dora.

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terça-feira, 26 de novembro de 2019


O NINHO
(Zetti Nunes)

Meu caro Carlos poeta Drummond:
Ao invés da pedra tinha um ninho
No meio do caminho
E em meio de muitos carinhos.
Por ínvios caminhos
Mãe é só beija-beija!
Esta de que falo
Só beija flores.
É um regalo ter no bico
O odor e a beleza.
Ágeis e incansáveis proezas aladas
A ruflar suas asas e rufar como tambores.
Beija-flor em lindas idas e vindas
Foi construindo seu ninho
Para depois botar dois feijõezinhos.
Pequenina caixa oval
Delicado escaninho que não se quebra
Com pedra no meu dos descaminhos.
A vida não está na casca
Disse-me o chá ayahuasca.
No entanto esse invólucro delicado
É um portal do sagrado.
Como um cão que fareja, veja:
O Cosmos é uma grandiosa ninhada de ovos.
Perceber a simbiose entrelaçada
É perceber que a unidade
Está a caminho e no próprio ninho.
A energia do beija-flor
Simboliza o amor que amanhece
Em nosso meio.
E nele creio se lhes apetece
A palavra “crer”.
E crer na unidade é entender que nada,
Absolutamente nada se isola.
Estão na sacola os feijões reunidos,
Então serão aquecidos.
Beija-flor, fina flor que rima com flor,
E sei lá mais o que f(l)or.

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sábado, 16 de novembro de 2019


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SIMPLES ASSIM!
(Zetti Nunes)

Contempl-ação é um suave ruminar do sagrado. Cinco palavras que se interagem e de tal maneira que são ação.
Toda setorização atrapalha a visão do conjunto e esta visão bem ruminada, se derrama na nossa ajuda mútua.
Não é acabar com as doutrinas, (na prática não dá mesmo!), no entanto se cairmos nessas malhas, que pelo menos demos mais atenção a visão una. Quanto mais ela for inserida no contexto da vida, mais próximos estaremos de ver o sagrado na própria vida que é una e ao mesmo tempo difusa.
Nisto se evaporam as setorizações. Mas pra que diz você?
—“... para que todos sejam um, assim como Mãe-Filhos-Pai são UNOS”.
Silenciar estas palavras é sermos cumplices de toda espécie de atrito e atritos para com todas as espécies.
Universo: o uno pasta o diverso e fica ruminando os seres vivos (inclusive os ruminantes).
Rumina e pasta, pasta e rumina! Por coincidência, uma pasta se forma. Quando estiver uniforme, é só engolir.
Unidade e diversidade numa pasta só é o que chamamos de Universo.
Então, o sagrado é a unidade e quando esta nos invade qual a ação instantânea?
Para se coçar é só começar... para amar é só começar.
João Batista disse: “que Ele (Jesus) cresça e que eu diminua” (Jo 3:30)
Sim, que a unidade cresça até desaparecermos nesta pasta ou substância uniforme.
Muitas pessoas não gostam da palavra “espiritual”, mas não tem outra. No lado mais “chão” é preciso setorizar, no lado espiritual não há necessidade e até impediria um ver mais holístico ou que seja, uma cosmovisão. Qual a razão dessa maçaroca? —  os psicoterapeutas usam a palavra “transferência”. Como setorizamos quase tudo na vida prática, inconscientemente transferimos para o lado mais profundo essa coisa unilateral.
Ora, pinhões! É bela e simplérrima a dita espiritualidade: é só se vestir com o uniforme da pasta uniforme. Para um bom entendedor uma palavra só e um só número, basta: SOMOS 1. Simples assim!
Aqui neste cafundó onde moro, ainda há muita gente com passarinhos na gaiola. Dá-me gana de soltá-los porque o segredo do sagrado está neles; suas levíssimas penas por sinal, se localizam bem em cima do seu peito.
Quando menino, subi numa árvore – mas bem de mansinho – e parece que ainda hoje estou vendo aquele ninho e dois ovinhos. Alguns dias depois – bem de mansinho – vi dois filhotes que abriram seus bicos pensando que era a mãe que vinha os alimentar.
Receio que não expresse bem a coisa que agora se derrama de mim para você. A bem da verdade aqueles filhotes não se enganaram porque também sou a mãe deles e os alimento com a minha suavidade.
Paz a todos os seres!




quarta-feira, 6 de novembro de 2019


Todo dia 7 17 e 27 vejam na net o blábláblá do Zetti.

A SAGA DE UMA GOTA
(Zetti Nunes)

O oriente dá a luz ao sol nascente.
Enquanto isso, o leste sai da cama e se veste sonolento e sanguinolento.
Num dado momento na rósea flor do pessegueiro brilham os olhos de uma gota de orvalho. Em baixo, brilham os olhos de um olho d’água que convida: vamos orvalho pula desse galho! Vamos correr para o córrego?
Mais abaixo, a vida na lagoa convida: entrem vamos descansar um pouco em mim?
Mais na frente e todo prosa, o Rio Pedrosa: gotas me sigam e contornem meu “poço da volta” do qual me orgulho dos mergulhos do Cessito e do Ito balançando os periquitos. O que não me orgulha é o “pum” na água pra fazer borbulha!
Venham! — Disse o Rio Chopinzinho. Sou das escarpas e ex-carpas que são gotas do meu sangue.
Venham todas as gotas quero conhecer aquela do pessegueiro, estou faceiro sou o Rio Chopim. Algumas gotas — ai de mim! — Estão céticas porque pensam que sou um lago das hidrelétricas.
Meu caro Chopim, teu pai Iguaçu nasceu em Curitiba (PR), e esta mesma cidade matou meu filho Rio Belém. Mais para o fim de mim Chopim, nós, gotas, teremos asas como o pássaro Chopim e voaremos do alto das cataratas.
É por aqui que vai pra lá? — brincou o Iguaçu com o Rio Paraná. Naturalmente meu filho. E você já saltou de salto alto? — num sentido sim, n’outro claro que não, paizão paranazão. Filho tens uma bonita queda...  e eu que tinha Sete Quedas! Os humanos tinham cataratas nos olhos, pois não viam essas sete belezas que enterraram para construir Itaipu. Filho Iguaçu, foi como enterrar sete filhos.
Paraná acolho tuas gotas, incluso a do meu neto, aquele das cataratas: sou o Rio da Prata. Traga teus peixes, mas não te queixes das tuas sete culpas ou tuas sete quedas. Se caiu num dos sete Pecados Capitais, se levante! Disse o Mestre que serás perdoado: “Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete vezes”. (Mt 18,32).
Os peixes que navegam em teu ventre, que entrem. Sou o mar e todas as gotas descansarão em mim. Comparam-me com o Deus Uno e Amoroso: acompanho a jornada de cada gota, cada uma com sua saga.
Disse eu, para aquela que brilhava no róseo pessegueiro: gotinha minha, venha! Ela sentiu o marulhar das minhas ondas. Insisti: por agora não é hora de “fazer onda”, só depois. Então venha!
Cada gota morre para si e se torna uma imensa e amorosa gota.
Dorival Caymmi tem razão: “é doce morrer no mar”...
Está implícito nas gotas a unidade:
Há um mar em cada uma delas e este mar,
É uma gota perante o Cosmos
Que por sua vez é uma gota na vastidão...
Do amor.
Do róseo pessegueiro
E das gotas do mundo inteiro
Lacrimejam emoções:
Agora sabemos que há mar.
Amar
Amar
Amar.


sábado, 26 de outubro de 2019

Todo dia 7 17 e 27 vejam na net o blablablá do Zetti


ECO-ECO-ECO ATÉ A EXAUSTÃO
(Zetti Nunes)

É urgente denunciar a omissão dos grupos espirituais no que se refere a unidade. Falar de amor sem as suas premissas é desconhecê-lo, é fechar os olhos para aquilo que o antecede, qual seja a unidade.
É urgente anunciar a unidade em razão e a despeito da diversidade.
O sentido de estarmos aqui e agora e em qualquer lugar do cosmos é termos um senso de pertencimento ao rebanho maior da vida, o único grupo possível espiritualmente falando. Um rebanho e único pastor para os deístas.
Assim percebendo saímos por aí a anunciar o uníssono e o amor será apenas a atitude que brota daí.
A essência, o que sustenta,  que dá origem, o substrato, o que fundamenta o amor é a consciência da consubstanciação da vida.
São Paulo se referiu ao “corpo místico de Cristo” e que nós somos os seus membros. O Deus Uno é isto: a consciência plena da unidade e justamente por sê-la, Ele se derrama no amor aos seus membros.
Da mesmíssima forma, também nós: à medida que a plenitude do Uno nos invade e sentimos que somos 1, o amor é a consequência. Simples assim!
Invade-nos um só rebanho, um só cardume, uma só vida, uma só família. Após este entendimento, aí sim, temos o direito de falar de amor e não antes, porque o amor é o corolário da Unidade.
Os gregos antigos erigiram uma estátua ao Deus desconhecido. Naquela época e até hoje ninguém quer saber do Deus Unidade porque não creem Nele.
Há uma cultura oculta, um culto ao deus culto da mente dos gregos. É cômodo, trágico e até cômico: ninguém quer se separar da própria separatividade.
Esse Deus desconhecido é realmente um mistério, o mistério da Unidade Absoluta, a Substância Una ou no masculino *Inefável Uno.

(*Inefável- se olhar no dicionário, vai ver que essa palavra se adéqua a Deus)


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Todo dia 7 17 e 27 vejam na net o blablablá do Zetti


PLENILÚNIO
(Zetti Nunes)

Só pode ser um Deus romântico
Esse que inventou o luar.
As serenatas eram canções tocadas em sol maior
A palavra reflexão
Faz lembrar a lua cheia,
Reflexo do sol maior
E somos nós
O reflexo de uma consciência maior
E de nossa reflexão
Deriva a luz do entorno, porém,
As nuvens doutrinárias podem atrapalhar.
A luz é fria
Ao contrário,
A luz espiritual se parece com aquele luar total
Que chamamos PLENILÚNIO.



PEÇO ESCUSAS
(Zetti Nunes)

Peço escusas
Por ser eu tão avesso às cidades.
Escusas por eu ser
Tão ligado às selvas
E desligado da internet.
Por ser tão selvagem
E amigo das feras
Por gostar das veredas
E do cheiro do mato
Por eu ser tão... ser tão...
Isso mesmo:
Peço escusas
Por eu ser tão... sertão.


(Zetti Nunes)

Ateus e deístas,
Não agrado nem a gregos nem a troianos.
Esta é a razão do fracasso dos meus dois livros anteriores.
Entretanto não faço jus ao premio de grande perdedor.
Mesmo sem esse invólucro, meu sonho nunca será cadáver porque sou uma semente.
A unidade é a alavanca de Arquimedes que move o mundo.
A beleza de escolher singrar em mares nunca dantes navegados, me faz remar sozinho.
Noutro viés mergulhei fundo com uma sonda e descobri o insondável.

domingo, 6 de outubro de 2019


Todo dia 7, 17 e 27 vejam na net o blábláblá do Zetti.

DISSIDÊNCIAS
(Zetti Nunes)

Este texto no geral foi extraído do livro “Em defesa dos animais” de Matthieu Ricard na parte “Vozes Dissidentes”. É um resumo, por isso na maior parte dispensei as aspas.

O poeta romano Ovídio tem comigo algumas coincidências. Era ele além de poeta, vegetariano. O que deveras surpreende é que nasceu no mesmo dia mês e ano que eu, porém antes de Cristo! Vejamos: nasci em 20/03/1943. Ovídio em 20/03/43  aC. Escrevi um texto com título “Metamorfose” e Ovídio um livro com o título “Metamorfoses”.
Transcrevo um trecho onde transparece seu lado sensível que se parece comigo:
“Há o trigo,
Os frutos que vergam
Com o seu peso os ramos flexíveis;
Uvas que amadurecem nas verdes videiras;
As ervas comestíveis e os legumes;
A terra é pródiga...”
“...oferece em vossas mesas tudo o que não exige sangue nem morte...”
“Quanta desgraça e maldade em fazer nossa própria carne engolir carne...”
“...em nutrir uma criatura viva com a morte de outra.”
— Ovídio, sou o vídeo de você!

São Francisco de Assis pedia aos irmãos que venerem e reverenciem tudo o que vive. No entanto, em nenhuma de suas biografias, se diz que ele era vegetariano. Veja bem: em nenhuma! É o que pesquisou Matthieu Ricard. É  claro: seus biógrafos engoliam animais, mas não digeriam isso e nem o que disse o arcebispo Robert Runcie: se Deus fez tudo com amor, nada pode ser de pouco ou nenhum valor. (parece ele com São Francisco, não?)
Essa teologia não só é abrangente e coerente, é bela. Quero dizer: se temos o poder nas mãos é para proteger e zelar. Os cristãos empobrecem a “misericórdia” ao restringi-la somente aos humanos e a alguns animais.
Resumo também o que disse um outro Francisco o Papa atual, na sua encíclica “Laudato si”:
“...numa comunhão universal nada e ninguém fica excluído..”
“...é contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor de suas vidas de modo indiscriminado.”
Meu caro Fratelli: só falta a você ser coerente com suas palavras e entrar para a confraria... dos vegetarianos!
O padre vegetariano e filósofo Jean Meslier também foi exceção na Igreja, mas depois se tornou ateu. Julgava ele a crueldade dos cristãos semelhante a esse mesmo Deus hostil aos animais.
Caro Jean: desse “deus” minúsculo também sou ateu.
Aqui onde moro fui num culto evangélico em que havia uma dúzia de pessoas e o palestrante que me conhecia disse para todos ouvirem e citando a Bíblia que Deus gosta do cheiro da carne assada. Aí fiquei imaginando Jesus atrás do balcão de um açougue com um avental branco e manchado de sangue! Valha-me Deus Orlando para esse teu deus, sou ateu.
Há dois séculos e meio atrás o pastor anglicano James Granger fez um sermão a favor da proteção aos animais e alguns membros da sua Igreja julgaram que ele tinha enlouquecido!
Atualmente outro anglicano e teólogo Andrew Linzey tem livros escritos sobre a questão animal. É contundente, por exemplo, o que ele diz sobre o massacre de focas para a venda de seu pênis como afrodisíaco.
É o tal antropocentrismo: se é bom para nós, que se danem os animais.
Diz o Francisco Papa na encíclica citada que o coração é um só. Coincide com o que disse outro católico e poeta francês Afonso de Lamartine:
“Não temos dois corações, um para os animais e outro para os seres humanos. Ou temos um coração, ou não o temos”.



quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Todo dia 7 17 e 27 vejam na nete o blablablá do Zetti


A PROPÓSITO DAS QUEIMADAS PROPOSITAIS
(Zetti Nunes)

Amazônia em chamas nos chama à atenção. Por lá, no entanto outras chamas nos chamam à reflexão: o desmatamento e as queimadas propositais para plantar soja que depois estará no prato e na forma de bicho morto alimentado por esses grãos. Embora trágica esta seca, não se compara com essa tragédia proposital e de todos os dias.
Desde os anos 70 e a todo instante, animais fogem deixando seus filhotes para trás ou no ninho. Vidas trocadas por dólares, florestas trocadas pela paisagem monótona da monocultura.
Para mim mais vale meu ninho que foi desfeito diz o passarinho, e digo eu, sangrando meu velho coração.
Acima das velhas árvores agora em carvão asas mil sobrevoam no vazio: onde estão meus ovinhos, meus filhos, meu ninho?
Sou um menino inconsolável porque também tenho asas. Meus filhotes foram achados mortos ou assados no ninho. São pedaços de mim sangrando.
Sei muito bem da frieza humana, mas insisto até a exaustão. Sou como aquele beija-flor que pegava umas gotas do rio para apagar o incêndio na mata e dizia que estava fazendo a sua parte.
Um só ninho desfeito de propósito já é razão para não desmatar e queimar.
Um só ninho repito. Porque eu sou o passarinho e ele sou eu. Suas asas de liberdade são minhas asas, sua dor é a minha dor.
Dizem os vegetais e animais em meio às labaredas propositais: o Inferno de Dante são os humanos.
Espero contra toda a esperança, diz o beija-flor ao carregar uma gota de água no bico.
Conformar-se?
Eu? Jamais!
Porque sou e sempre serei aquele mesmo beija-flor sonhador.



segunda-feira, 16 de setembro de 2019


Dia 7 17 e 27 vejam na net o blábláblá do Zetti.

VERINHA UMA PAIXÃO
(Zetti Nunes)

Estávamos num sítio muito bonito. Meu amigo Zé era cheio de histórias.
Certa vez confessou-me sua paixão de adolescente: - Lembro-me como se fosse hoje, disse ele. Tinha 15 anos quando olhei bem de perto a parenta que vinha de longe e todo ano passava as férias lá em casa.
No dia em que despertei para ela, era seu aniversário. Eu estava na janela e ela veio pelo lado de fora. Ficamos face a face, bem juntinhos. Olhos verdes, às vezes claros, às vezes oliva, conforme a claridade ou seus sentimentos, não sei. O que sei é que ali junto dela e pela primeira vez, embasbaquei, flutuei, perdi o ar.
Perguntei ao Zé: - Eu a conheço?
No final desta história você verá a Verinha ao vivo e a cores. E continuou.
- Exalava ela uma fragrância sutil de erva doce ou de uma erva de beira de estrada onde zumbem as abelhas, uma quase hortelã, um quase eucalipto, uma flor de lis!
Os anos com vagar festejavam seus aniversários. Sempre charmosa vestidos alegres, ora um carmesim, ora um amarelo girassóis, ora um ora-pró-nóbis, ora um arco-íris, sei lá!
Talvez ela fosse o próprio arco-íris disfarçado de mulher.
Zé brincou comigo:
- Você já viu arco-íris perfumado? E arco-íris com mais de uma curva?
Em cada curva dessa estrada - meu caminho, mau caminho - um suave e doce balanço.
Este ano, como nos outros, Verinha ficou bem frente a mim no varanda. Silente aconchego. Estavam ainda mais belos seus olhos. Um verde que me impregnou até as entranhas, cheia do seu cheiro, aquele que bem conheço e me embeveço. Posso exclamar agora, sem sombra de dúvida e sem nenhuma sombra de tristeza: Que quero eu mais da vida, se tenho seu verde olhar, seu perfume?
Pare com esse mistério! – disse eu.
- Sim, vamos pra varanda! – disse o Zé, e citou a bíblia em Mateus 6 versículo 29: nem o rei Salomão se vestiu como a Verinha.
Mas não queria só dizer quem ela é. Muito mais do que dizer, quero festejá-la.
Mês de agosto, dela lembro,
E Já começo a ser feliz,
Antes mesmo de setembro,
Esperando a flor de liz.
Vera, deveras, não é uma flor de liz que tem  somente um matiz. São todas as flores. E não é uma prima qualquer, uma estação qualquer de um ano qualquer.
Amo-te, cheirosa e multicolorida PRIMA... VERA!

sexta-feira, 6 de setembro de 2019


Dia 7 17 e 27 vejam na nete o blábláblá do Zetti.

COMUNHÃO parte III
(Zetti Nunes)

Os detalhes complicam: a paisagem geral se vê do mirante.
As reflexões que agora partilham têm como fundo um sonho: amar (no infinitivo) era a mensagem, portanto sem u mensageiro do amor.
Não há um alguém separado no espaço inseparável que contempla algo separado de si:  é a contemplação sem um sujeito que contempla.
Entre os espaços da mente, silêncio! O que é isto? É comparável a um vaso cheio de vazio e ao mesmo tempo diferente do nada e do existir. Não havendo o ruído mental, abre-se um espaço sagrado.
Isto é meditação. Digo mais: observe-se que ninguém está separado daquilo que observa. Não há um ser que observa, todavia existe a observação. Porque no universo, só existe o geralzão e a tendência deste é descentralizar-se e bem assim o lado espiritual (que não tem lado). Focalizar ou detalhar, cai no supérfluo e no superficial.
Um “big-bang” difuso é a nossa consciência, o nosso ver e o nosso entendimento.
Caminha-se na beleza em cosmovisão de si mesma e sem voltar-se para si mesma.
Há uma intensão secreta nesse tal plural. Senão, vejamos:  a vida é a multidão, família única, todos na pluralidade. Pra que afinal? — Não seria para que exista a comunhão?
Sermos o plural é condição “sine qua non” para que haja a unidade subjacente a ele.
Pluralismo sem personalismo, um reinado sem rei.
Há um testemunhar silencioso sem o sujeito que testemunha e um observar sem uma entidade separada que observa, quero dizer, sem um observador.
Na vastidão, não há salvador ou apoio de algo separado porque a comunhão é a plenitude em si mesma.
É vasto o pasto e os seres na pastagem e não há quem pastoreie. Num só tempo somos mestres e alunos. Importa que no momento de ser mestre este não quer se destacar. Mestres ou pastores no sentido de facilitadores uns dos outros, para que haja comunhão e não salvação individual. Comunhão não vai na contramão do cristão, porém a salvação individual do cristão vai na contramão da comunhão.
Facilitarmo-nos já é comunhão, ou que seja, ajudar a nos soltarmos do individual e sermos 1 com tudo que vive, inclusive com os humanos!
Na mágica, o ilusionista, coloca a ceia na mesa a qual se apoia em suas quatro pernas. Em seguida o mágico deixa a mesa sem pernas. Resta a mesa e  a ceia levitando no espaço, sem qualquer apoio.
É comparável à mesa da sagrada comunhão entre todos os seres que independe de fatores externos.
O mágico nos ilude ao levitar a mesa, porém, o enlevo da comunhão é a essência da ceia da vida, a levitação do pesado mundo, o alfa e o ômega, o princípio e o fim.
Este agora atentíssimo e imemorial é o entendimento que se funde em si mesmo, sem contudo se voltar para si.
Amor, unidade e comunhão estão além da expressão palavresca.
A despeito desse limitável, quem puder captar um pouquinho desse "além”, que capte; perceber, que perceba; levitar, que levite; comungar, que comungue.
Um altissonante convite se difunde sem que haja um centro de difusão.
Não há um ser individual que convida, no entanto de um silêncio sagrado ressoa o convite:
 comunguemos a Santa Ceia da Vida!

segunda-feira, 26 de agosto de 2019


Dia 7 17 e 27 vejam na nete o blábláblá do Zetti.

COMUNHÃO parte II
(Zetti Nunes)

         Os dois irmãos trocaram a árvore e apoiaram as costas uma na outra. Era tal a unidade que suas colunas vertebrais eram uma só e um mesmo eixo.   
         “Comungação”, talvez seja  isto o sentido de estar aqui e agora.
         Comung-ação :  sem  um Deus separado  da  Natureza e que polariza com as tais forças  do mal.  Que diacho de achar que o ego é diabo!
         Minha filha diz para mim: “Pai, o senhor tem certeza da sua salvação?” Para o todo da vida o buraco é mais em cima. Se nós somos um – que é plural e singular ao mesmo tempo – não existe salvação nem danação. Essa coisa de querer se salvar já está centrado em nós, puro ego. Na vastidão é apenas isto, termos consciência de que somos ela própria, quero dizer, a expansão de consciência me leva à grande família universal que é a vastidão.
         Podemos imaginar que a existência holisticamente falando está dentro de uma esfera. Alto lá, porém: uma esfera não tem polos! -Polarizou, separou, dançou.  Dentro da esfera cósmica se inclui também Deus. O ego não está fora nem dentro porque é a ilusão separativa.  Nossa consciência caminha para mais amplitude e nesse processo, temos vislumbres de sermos a própria esfera. É a experiência da Sagrada Comunhão. Tudo está incluído na esfera e ao mesmo tempo não existe esfera.  Subsiste apenas a comunhão.
        Comunhão, como o próprio nome sugere, não tem especificidades, portanto até os Iluminados são eliminados. Sobra na esfera apenas a comunhão e somos ex-feras das ilusões separativas.
        Nós humanos precisamos de referências, alegorias ou parábolas. Se por elas me fiz entender, eliminemos também elas, como seja a própria esfera do todo, o sagrado, a vida, Deus. Sobrou o quê? Não seria a comunhão? Nada mais precisa, nem a palavra comunhão, só a comunhão solta na vastidão.
       Ao longo de todo o século passado, Krishnamurti repetia muitas coisas, dentre elas isto: “a palavra não é a coisa”. Este dito não se adapta aos que somente pensam, pois irão dizer: “Claro que não é a coisa!”
       Então vamos lá: a palavra comunhão não é, nem de longe o que ela tenta expressar.
Somente passar pela experiência satisfaz. Uma fração de um segundo do relâmpago é o suficiente. E não adianta me perguntar se eu experimentei isso, cada um deve passar pelo processo, e não acreditar no outro.
      Um portal se abriu e tudo se viu, depois se fechou.
      A palavra comunhão também caiu fora.
      Sobrou apenas e tão somente a comunhão.
      E precisa mais?


sexta-feira, 16 de agosto de 2019


LEMBRETE: o texto anterior  “UM PRODUTO FÁCIL DE VENDER”, não houve tempo para fazer uma revisão mais aplicada, o que prometo quando publicá-lo no livro 3 além de revisado sofrerá alterações para melhor. Agradeço a atenção de todos.


Todo dia 7 17 e 27 vejam na nete o blábláblá do Zetti.

COMUNHÃO parte I
(Zetti Nunes)
 
            Há uma abissal separação entre quem comunga partes e quem tudo inclui. Faço ou tento fazer uma ponte no abismo. Quem tem a doença de cataratas só vê o "lusco-fusco" das Cataratas do Iguaçu.           
           Uma curta história. Se te agradar curta. Menininha ainda foi abduzida por ETs de um cantinho no Universo onde não se explora a Natureza. Situa-se num planeta “neto” da Estrela Sirius. Lá foi educada e após alguns anos, devolvida aos familiares para os quais se tornou uma ponte e fonte de cura do lusco-fusco.
           Quando aqui era uma estranha no ninho. Num casarão próximo onde moravam, perguntou o porque dos jalecos brancos. Sua mãe disse que eram médicos e enfermeiros(as). Em hospital se entra doente e sai curado. Que bom, disse ela. Lá onde estive tem poucos doentes e a cura é com plantas medicinais. As cirurgias são raras.
           Em outro casarão, mais afastado da cidade e na troca de turnos, os funcionários também se vestiam de branco. Disse-lhe seu melhor amigo e irmão que ali os jalecos sujos de sangue não eram de médicos cirurgiões. Não, minha querida irmã, são funcionários de um frigorífico.     
           Não se assuste que ali é o contrário: Os animais entram com saúde e são despedaçados para serem alimento dos que se dizem de origem nobre ou até divina. E esse trabalho não move nenhuma compaixão? - perguntou. Não, a rotina os transforma num outro frigorífico, entendeu? São apenas os "testa de ferro" desses nobres de sangue azul.
           Em cidades pequenas há mini frigoríficos chamados açougues, onde moças como você entram ali e compram pedaços de bichos pendurados em ganchos e saem com a maior naturalidade, digo até serenidade. Olhou para a irmã e se assustou: ela estava pálida e suas mãos pareciam de um alcoólatra com "delirium tremens". A moça sentou ali mesmo numa grama sintética e apoiou as costas numa árvore de plástico e havia nos galhos passarinhos reais porém imóveis porque foram empalhados. E em seguida, cobriu o rosto com suas mãos trêmulas.
           Tinha ela saúde, agora, porém seus olhos se turvaram como se tivesse cataratas.
           Eram as águas termais da sua dor que saltitavam de duas brilhantes fontes. Inconsoláveis e inesgotáveis fontes!
           Um dilúvio inundou os impermeáveis corações humanos e seu planeta de plástico. Uma diferente  Cataratas do Iguaçu despencou em duas torrentes salgadas e quentes, caudalosas e silenciosas.
           Ali sentados, calados e colados os irmãos eram a própria imagem da comunhão que queriam ver no mundo. Eles não existiam, a comunhão tornava ausente o personal.

(no próximo texto, parte II, quero compartilhar com vocês o aprofundamento muito bonito que julgo da palavra linda, que se chama COMUNHÃO)