Dia 7
17 e 27 vejam na net o blábláblá do Zetti.
VERINHA – UMA PAIXÃO
(Zetti Nunes)
Estávamos num sítio muito bonito. Meu amigo Zé era
cheio de histórias.
Certa vez confessou-me sua
paixão de adolescente: - Lembro-me como se fosse hoje, disse ele. Tinha 15 anos
quando olhei bem de perto a parenta que vinha de longe e todo ano passava
as férias lá em casa.
No dia
em que despertei para ela, era seu aniversário. Eu estava na janela e ela veio pelo lado de fora. Ficamos face a
face, bem juntinhos. Olhos verdes,
às vezes claros, às vezes oliva, conforme
a claridade ou seus sentimentos, não sei. O que sei é que ali junto dela e pela primeira vez, embasbaquei,
flutuei, perdi o ar.
Perguntei ao Zé: - Eu a
conheço?
No final desta história você verá a Verinha ao vivo e a
cores. E continuou.
- Exalava
ela uma fragrância sutil de erva doce ou de uma erva de beira de estrada
onde zumbem as abelhas, uma quase hortelã, um quase eucalipto, uma flor de lis!
Os
anos com vagar festejavam seus aniversários. Sempre charmosa vestidos alegres, ora um carmesim, ora um amarelo girassóis, ora um ora-pró-nóbis, ora
um arco-íris, sei lá!
Talvez
ela fosse o próprio arco-íris disfarçado de mulher.
Zé brincou comigo:
- Você já viu arco-íris
perfumado? E arco-íris com mais de uma curva?
Em cada curva dessa estrada - meu caminho, mau caminho - um suave e doce balanço.
Este
ano, como nos outros, Verinha ficou bem frente a mim no varanda. Silente aconchego. Estavam ainda mais belos seus
olhos. Um verde que me impregnou até
as entranhas, cheia do seu cheiro,
aquele que bem conheço e me embeveço. Posso exclamar agora, sem sombra de dúvida e sem
nenhuma sombra de tristeza: Que quero eu mais da vida, se
tenho seu verde olhar, seu perfume?
Pare
com esse mistério! – disse eu.
-
Sim, vamos pra varanda! – disse o Zé, e citou a bíblia em Mateus 6 versículo
29: nem o rei Salomão se vestiu como a Verinha.
Mas não queria só dizer quem ela é. Muito mais do que dizer, quero festejá-la.
Mês
de agosto, dela lembro,
E
Já começo a ser feliz,
Antes
mesmo de setembro,
Esperando
a flor de liz.
Vera, deveras, não é uma flor de liz que tem somente um matiz. São todas as flores. E não é uma prima
qualquer, uma estação qualquer
de um ano qualquer.
Amo-te,
cheirosa e multicolorida PRIMA... VERA!
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