FAÇAMOS A RECONEXÃO
(Zetti Nunes)
A espécie humana se isolou das
outras e se tornou artificial. Até o asfalto não nos deixa pisar no chão.
No aspecto econômico é um
desastre ficar isolado; no sentido espiritual e psicológico muito pior. Aí está
a vulnerabilidade de nós humanos que só olhamos para o próprio umbigo.
Tudo é passageiro nesse trem
da vida (menos o maquinista!); todos os seres têm a mesma cara de outrem, ou
trem, diz o mineiro, e nenhum ser é um trem qualquer.
Autentico e meritório é
descobrirmos sozinhos que nós humanos, não estamos sozinhos. Somos
multifacetados. Bem diz o ditado: “é a cara de um e o focinho de outro”. Ou de
outrem que neste caso é o focinho do porco.
A unificação e reunificação
desse trem da vida só nos é possível sozinhos, porque as ideologias e doutrinas
são parciais, isto é, antropocêntricas e especistas por tanto suspeitas, por
esse mesmo fato de não darem valor às outras espécies.
Descobrirmos sozinhos que não
estamos sozinhos não é arrogância, pelo contrário, é despojamento. Deixar ao
largo esse trem das ideias é não ser memorialista.
“No princípio era o Verbo...”
(diz a Bíblia). No nosso caso o princípio é um zero, isto é, começar do nada.
Somos então uma página em branco. Em seguida não é dizer como Renê Descartes:
“penso, logo existo”. Não. É continuar sendo uma página vazia, branca, limpa.
Começar do zero é ficar assim,
eternamente vazio, limpo, transparente, é retornarmos à inocência e ser o que
éramos: uma criança inocente, tateando e sem apoio do passado. Viver no
“agorinha” para não sermos mortos-vivos, ao invés, somos o “vivinho da silva”
ou “o já e não o que jaz”.
Grande parte das pessoas nasce
nesse mundo artificial das cidades e quando vão juntos para junto da natureza é
para explorar ou usufruir dela, nunca para entrar em comunhão. Aí não são mais
inocentes; em apartamentos, folheamos jornais e livros e esbanjamos
conhecimento sobre a natureza sem vivermos com ela, porque estamos sempre
fechados numa redoma de vidro.
Pessoas isoladas e a natureza
desolada.
Deixaram de ser inocentes.
Só para ilustrar:
Uma conferencista ilustre
estava fazendo algumas palestras sobre a nossa conexão milenar com a existência
muito além da nossa espécie. Num desses dias justamente quando a palestrita
entrou no salão e ia começar a falar, um passarinho sentou no peitoril de uma
das janelas e começou a cantar a todo pulmão, e depois, voou. A conferencista
apenas disse: se ouvistes bem esse mensageiro de asas ele resumiu de maneira
tão bela o que eu ia dizer. Peço agora a todos ficarem em silêncio por alguns
minutos absorvendo essa conexão. Passando-se dez minutos, disse: não tenho mais
nada a acrescentar ao ilustre conferencista desta manhã. Dou por encerrada esta
palestra.
Obrigada!
Todo dia 7 17 e 27 vejam na
internete o blábláblá do Zetti.
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