Todo dia 7, 17 e 27 leiam na internet o blábláblá do Zetti
Aqui vai um pouco de mim por tal razão o texto será inserido
na última página do livro “SOMOS 1” (livros 3)
AMANHECER NÃO É ROTINA
É bom a energia da terra, pés descalços
neste menino de 75 marços.
Sempre aquela mesma pergunta: grande
eloquente olhar, onde te escondes? Onde estás que não respondes?
Noite e dia, monotonia.
No seu pequeno planeta, este menino
apenas recua a cadeira e quando quer, a cada quinze minutos vê a aurora. São
noventa e seis por dia.
Mas pra que diz você, esperar tantas
moças e tantos olhares?
— Impossível!
Esperar é assim: todos os dias amanhece
dentro de mim. São dois sóis que se erguem no leste. Primeiro aparecem os
lindos cabelos, depois orelhas, testa, sobrancelhas. Em seguida dois eloquentes
sóis que incendeiam os meus. Quatro sóis é um perigo, dá combustão expontânea!
Quatro tochas que formariam um fogaréu e incendiaria o mundo.
Sonho meu! Que judiaria Rei Salomão! —Você
com seiscentas e eu aqui na mão? Não é uma judiação Salomão, um velho com tanta
teesss... souro!
A monotonia é o real, o delírio é o
surreal. Muitas vezes vi esse filme! Quando piso firme no chão as duas tochas
de novo se escondem por trás do monte e entram na toca sem fundo da não
existência.
Perdi um gol feito, redigo ao Rodrigo!
Mas na reprise da tv (digo ao outro Rodrigo) garanto que a bola vai entrar.
Acorde! Digo pra mim: puta que o pariu:
se aos quatorze anos um brinco dourado de treze não me viu, como poderia hoje
me ver, um lindo brinco de trinta e cinco?
Pedro pondera: tio-tio Zetti teu
pio-pio aos 97 será como meu xará São Pedro que foi crucificado de cabeça pra
baixo! Pedro é justamente esse santo que curou um coxo e vai curar este “coxa”.
Em resumo as palavras que São Pedro disse ao coxo foram: em nome de Jesus,
levante! (atos 3,6 e no 8 a segunda frase).
No restaurante, no ônibus, no ritual
daimista ou no Bugre-Lugarejo, sempre a vejo.
É agora! Penso. Depois não é mais. A
mesma lenga lenga sem sal, japonês tudo igual! Rotina caso a caso. Neste ocaso
da minha vida também.
A cada ano entardeço, mas nunca é tarde
para amanhecer.
É ilusão dizem todos. Se é ou não é, me
deixem assim que é pra nunca anoitecer em mim.
Seria eu um morto vivo se não sonhasse.
Não! — pés no chão me dá apoio pra
pular no caixão.
O jeito então é arredar a cadeira até Foz do Iguaçu sem dar
as costas pro leste e então espiar novamente a aurora. Desta vez quem sabe! — hein
Aurora?
Minha espera é igual à daquele cão que
morreu de velho no mesmo lugar em que sempre esperava seu dono. Quando ouvia
uns passos levantava a cabeça. Muitos anos esperou ali seu amigo que tinha ido
para a rotina do trabalho. Era o que supunha o cão. Em fria verdade seu amigo
havia ido pra guerra.
Lembro outra história no livro “Terra
dos Homens”. Saint’ Exupery se perdeu no deserto do Saara. Só via duas coisas:
areia sem fim e um árabe com um balde de água andando na sua direção.
No caso dele era o delírio da sede.
No meu “ocaso”, é a sede pela essência
de todos nós: a busca da unidade e da beleza do amor.
Já faz uma hora.
Com sua licença, vou ao Chile e arredo
minha cadeira até o alto das cordilheiras.
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