domingo, 17 de fevereiro de 2019

Todo dia 7, 17 e 27 leia na internete o blablablá do Zetti

REFLEXÕES X GENUFLEXÕES
(Zetti Nunes)
I

Quando menino
Descobri o segredo das pedras
Comuns e ovais:
Ao quebra-las o roxo aparecia
Em todo seu esplendor
E transpirava a energia da sua ancestralidade.
Até hoje respiro-as.
Dorme a energia da vida
Nas sementes e acorda no vegetal;
Canta e dança na bicharada;
Nos humanos canta, dança e se liberta
Da zona de conforto do instinto
Se lhes aprouver;
Em consciência expandida
Alguns humanos desabrocham
Como se fossem no sol de uma manhã espiritual.
Abre-te flor
Para o odor
E a suavidade.

II

Crentes ou descrentes,
Se todos nós comungarmos a vida
Com um leque
Cada vez mais amplo de seres,
Nosso planeta será o Jardim do Éden.
Se assim fosse os descrentes diriam felizes
Que não precisamos de outro paraíso
E os crentes
Verão a face de Deus;
A paz, o amor e a beleza
Resultou de um olhar mais vasto
Sobre a definição da palavra VIDA .
E a palavra comungar
Também é mais vasta.


III

Amálgama
É uma mistura
Para que se forme um todo qualquer.
Nas misturas ou diversidades do cosmos
Se escondem nas entrelinhas
Um todo uníssono.
Tanto amalgamar quanto amar e gamar
Expressam uma unidade subjacente.

IV

A ecologia
É a religião dos que referenciam a vida.
São Francisco de Assis
Diz ou escreveu
Que a natureza é um espelho de Deus.
Diga-me então irmão:
Respeitar um pintainho
E sua mãe galinha,
Não são eles espelhos de Deus?
Deus não precisa de adorador
Mas de quem o referencia
Na prática e nesse formidável espelho.
Adorador?
— A dor, a dor!

V

Começa o caos
Quando se individualiza
A própria divindade
No “eu sou” da Bíblia.
Elegemos então
A monótona monogamia,
Um só livro,
Uma só espécie privilegiada
E a ceia da vida se restringe a esta.
Quem pode mais chora menos.
Na sequência
Centralização e hierarquia,
Ação separativa “hitlerista”
E o extremo deste agir é a guerra.
“Dominai a terra” diz o Gênesis.
Inclui a exploração da natureza e dos animais
Que é uma outra guerra
Desta vez sem inimigos.
Institucionalizamos o caos.
No entanto existe uma intencionalidade.
Com o vagar e às vezes recuando
Caminha-se do caos para a ordem.
Este é um outro nome para a evolução
Tanto material quanto espiritual.
Todas as vidas são convidadas
Para a ceia...
Da vida.

VI

Sepulturas de bovinos e outros bichos
Como se fossemos felinos
Adornam as igrejas.
Mas qual Igreja: católica ou assembleia de evangélicos?
Quase todas são assembleias de “EUS”
E de um “EU” maior que não é Deus
É o antropocentrismo.
Mas qual igreja, diz você?
Busco o prazer de comer
À custa do outro ser.
Mas qual igreja que se adorna com bicho morto?
Não falo dos templos de tijolos.
Nós somos templos vivos e sacralizados.
Neste caso, profanados,
Cortinas brancas manchadas de sangue inocente.
É da natureza a ferocidade dos animais
Que já nascem carnívoros.
Nós, porém,
Já ultrapassamos a fase do “Homem das Cavernas”.
Ou deglutimos como trogloditas
Ou escolhemos a suavidade.

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