terça-feira, 26 de fevereiro de 2019


Todo dia 7, 17 e 27 leia na internet o blábláblá do Zetti

A ECOLOGIA PROFUNDA
Zetti Nunes

Deus não precisa de adoração
Sim de nossa reverência pela vida.
A ecologia vai mais longe que o equilíbrio
do meio ambiente, inclui uma espécie de conspiração
ou trama em favor da evolução.
Na natureza existe explicitamente
a simbiose de dois seres.
Implicitamente é uma formidável conspiração
de “um por todos e todos por um”
lema que era dos Três Mosquiteiros
porém já era lema em remotas eras.
A harmonização de humanos com humanos
Ou amor ao próximo é o que pregam nas religiões.
Buscar a harmonia com todos os irmãos de São Francisco
é ir também mais longe, quero dizer
Francisco chamava tudo que tem vida de irmãos
e fez poesia com a própria “não vida”:
“minha irmã morte vem hoje me buscar (S.F.de Assis)”.
Religião é religarmo-nos com Deus dizem os doutos.
A reflexão de São Paulo e minha diz assim: se não amo o palpável e o visível que se escancara em nosso entorno, como posso amar uma teoria?
Sujo o Rio da Vida lá em baixo e digo que amo lá em cima a fonte do Rio da Vida.
Religar é reconhecermos essa junção. Deus prefere minha amiga Joelaine que não acredita n’Ele, mas pratica a não violência, suavidade e fraternidade sem excludência.
Portanto a ecologia é a religião dos crentes e agnósticos!
Não existe pecado na harmonização com qualquer criatura; sem pecado no lado de cima  e no lado de baixo do Equador. Vejamos mais beleza nessa religião-ecologia- profunda; o planeta é o paraíso perdido que estamos reencontrando ou explorando.
A Amazônia é a Terra Santa não de Jerusalém ou Belém, porém somos peregrinos da biodiversidade.
Em cada partícula do Cosmos está Deus e todas são templos vivos que fazem parte do grande templo cósmico, com ou sem as lâmpadas estelares, abóboda azul ou cinzenta, água benta da chuva ou sol nascente a pino ou poente.
O altar da religião ecológica pode ser uma montanha qualquer onde se faz o culto. De braços abertos como o Cristo do Rio, ecoa para o infinito a mais bela oração e com uma única palavra: GRATIDÃO!
...todos em uma só voz digam comigo...


domingo, 17 de fevereiro de 2019

Todo dia 7, 17 e 27 leia na internete o blablablá do Zetti

REFLEXÕES X GENUFLEXÕES
(Zetti Nunes)
I

Quando menino
Descobri o segredo das pedras
Comuns e ovais:
Ao quebra-las o roxo aparecia
Em todo seu esplendor
E transpirava a energia da sua ancestralidade.
Até hoje respiro-as.
Dorme a energia da vida
Nas sementes e acorda no vegetal;
Canta e dança na bicharada;
Nos humanos canta, dança e se liberta
Da zona de conforto do instinto
Se lhes aprouver;
Em consciência expandida
Alguns humanos desabrocham
Como se fossem no sol de uma manhã espiritual.
Abre-te flor
Para o odor
E a suavidade.

II

Crentes ou descrentes,
Se todos nós comungarmos a vida
Com um leque
Cada vez mais amplo de seres,
Nosso planeta será o Jardim do Éden.
Se assim fosse os descrentes diriam felizes
Que não precisamos de outro paraíso
E os crentes
Verão a face de Deus;
A paz, o amor e a beleza
Resultou de um olhar mais vasto
Sobre a definição da palavra VIDA .
E a palavra comungar
Também é mais vasta.


III

Amálgama
É uma mistura
Para que se forme um todo qualquer.
Nas misturas ou diversidades do cosmos
Se escondem nas entrelinhas
Um todo uníssono.
Tanto amalgamar quanto amar e gamar
Expressam uma unidade subjacente.

IV

A ecologia
É a religião dos que referenciam a vida.
São Francisco de Assis
Diz ou escreveu
Que a natureza é um espelho de Deus.
Diga-me então irmão:
Respeitar um pintainho
E sua mãe galinha,
Não são eles espelhos de Deus?
Deus não precisa de adorador
Mas de quem o referencia
Na prática e nesse formidável espelho.
Adorador?
— A dor, a dor!

V

Começa o caos
Quando se individualiza
A própria divindade
No “eu sou” da Bíblia.
Elegemos então
A monótona monogamia,
Um só livro,
Uma só espécie privilegiada
E a ceia da vida se restringe a esta.
Quem pode mais chora menos.
Na sequência
Centralização e hierarquia,
Ação separativa “hitlerista”
E o extremo deste agir é a guerra.
“Dominai a terra” diz o Gênesis.
Inclui a exploração da natureza e dos animais
Que é uma outra guerra
Desta vez sem inimigos.
Institucionalizamos o caos.
No entanto existe uma intencionalidade.
Com o vagar e às vezes recuando
Caminha-se do caos para a ordem.
Este é um outro nome para a evolução
Tanto material quanto espiritual.
Todas as vidas são convidadas
Para a ceia...
Da vida.

VI

Sepulturas de bovinos e outros bichos
Como se fossemos felinos
Adornam as igrejas.
Mas qual Igreja: católica ou assembleia de evangélicos?
Quase todas são assembleias de “EUS”
E de um “EU” maior que não é Deus
É o antropocentrismo.
Mas qual igreja, diz você?
Busco o prazer de comer
À custa do outro ser.
Mas qual igreja que se adorna com bicho morto?
Não falo dos templos de tijolos.
Nós somos templos vivos e sacralizados.
Neste caso, profanados,
Cortinas brancas manchadas de sangue inocente.
É da natureza a ferocidade dos animais
Que já nascem carnívoros.
Nós, porém,
Já ultrapassamos a fase do “Homem das Cavernas”.
Ou deglutimos como trogloditas
Ou escolhemos a suavidade.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019


Todo dia 7, 17 e 27 leiam na internet o blábláblá do Zetti

Aqui vai um pouco de mim por tal razão o texto será inserido na última página do livro “SOMOS 1” (livros 3)

AMANHECER NÃO É ROTINA
Zetti Nunes 


É bom a energia da terra, pés descalços neste menino de 75 marços.
Sempre aquela mesma pergunta: grande eloquente olhar, onde te escondes? Onde estás que não respondes?
Noite e dia, monotonia.
No seu pequeno planeta, este menino apenas recua a cadeira e quando quer, a cada quinze minutos vê a aurora. São noventa e seis por dia.
Mas pra que diz você, esperar tantas moças e tantos olhares? 
— Impossível!
Esperar é assim: todos os dias amanhece dentro de mim. São dois sóis que se erguem no leste. Primeiro aparecem os lindos cabelos, depois orelhas, testa, sobrancelhas. Em seguida dois eloquentes sóis que incendeiam os meus. Quatro sóis é um perigo, dá combustão expontânea! Quatro tochas que formariam um fogaréu e incendiaria o mundo.
Sonho meu! Que judiaria Rei Salomão! —Você com seiscentas e eu aqui na mão? Não é uma judiação Salomão, um velho com tanta teesss... souro!
A monotonia é o real, o delírio é o surreal. Muitas vezes vi esse filme! Quando piso firme no chão as duas tochas de novo se escondem por trás do monte e entram na toca sem fundo da não existência.
Perdi um gol feito, redigo ao Rodrigo! Mas na reprise da tv (digo ao outro Rodrigo) garanto que a bola vai entrar.
Acorde! Digo pra mim: puta que o pariu: se aos quatorze anos um brinco dourado de treze não me viu, como poderia hoje me ver, um lindo brinco de trinta e cinco?
Pedro pondera: tio-tio Zetti teu pio-pio aos 97 será como meu xará São Pedro que foi crucificado de cabeça pra baixo! Pedro é justamente esse santo que curou um coxo e vai curar este “coxa”. Em resumo as palavras que São Pedro disse ao coxo foram: em nome de Jesus, levante! (atos 3,6 e no 8 a segunda frase).
No restaurante, no ônibus, no ritual daimista ou no Bugre-Lugarejo, sempre a vejo.
É agora! Penso. Depois não é mais. A mesma lenga lenga sem sal, japonês tudo igual! Rotina caso a caso. Neste ocaso da minha vida também.
A cada ano entardeço, mas nunca é tarde para amanhecer.
É ilusão dizem todos. Se é ou não é, me deixem assim que é pra nunca anoitecer em mim.
Seria eu um morto vivo se não sonhasse.
Não! — pés no chão me dá apoio pra pular no caixão.
O jeito então  é arredar a cadeira até Foz do Iguaçu sem dar as costas pro leste e então espiar novamente a aurora. Desta vez quem sabe! — hein Aurora?
Minha espera é igual à daquele cão que morreu de velho no mesmo lugar em que sempre esperava seu dono. Quando ouvia uns passos levantava a cabeça. Muitos anos esperou ali seu amigo que tinha ido para a rotina do trabalho. Era o que supunha o cão. Em fria verdade seu amigo havia ido pra guerra.
Lembro outra história no livro “Terra dos Homens”. Saint’ Exupery se perdeu no deserto do Saara. Só via duas coisas: areia sem fim e um árabe com um balde de água andando na sua direção.
No caso dele era o delírio da sede.
No meu “ocaso”, é a sede pela essência de todos nós: a busca da unidade e da beleza do amor.
Já faz uma hora.
Com sua licença, vou ao Chile e arredo minha cadeira até o alto das cordilheiras.