AVISTEMOS O PERDER DE VISTA
Zetti Nunes
Trombo
com uma manifestação de vida qualquer na estrada e entendo o que é meu próximo.
Amor
não é “Cia. LTDA” embora seja companhia. O amor não tem limites e o próximo não
tem distância.
Sozinha
uma gota não chega no mar, qual seja a vastidão de si mesma.
É
uma imagem emblemática que num passe de mágica, somos invadidos pela multidão
dos terráqueos.
A
evolução da vida, a expansão cósmica e da consciência se assemelha à flor que
desabrocha; similar à beleza e o ao amor que são difusos.
A
unidade é a fonte, o início, o ponto final, o baile de gala final, a junção das
partes.
É
a formidável experiência da gota com o mar...
Não
sou uma parte, não somos partes, somos 1.
A pluralidade é um. Um o que? — Um abraço!
E
mais: danço com meu lindo par, olho-o eternamente de frente e digo: somos uma só
carne. Isto é, a mesma substância que compõe a vida.
Segue
o bailado e a música. Sou o baile, a música e o momento.
Entender
ultrapassa a palavra. Faz-se necessário voar para além da razão e da espécie,
em si mesma ensimesmada. Somos membros de um grupo maior. As pernas são nossos
membros inferiores, mas não são inferiores aos braços. O que interessa é a
totalidade e não a hierarquia que gera o totalitarismo; num só golpe apreendemos
o multi e esvanece no ar o personal; o sonho do inefável uno é como um só
coração que não cabe em si mesmo; num “Abre-te Sésamo”, atravesso o portal do
tempo; num fleche de luz, vejo que meu ser é “o ser”; que minha substância é ”a
substância”; que minha vida não é minha, é uma das manifestações “do
misterioso”, o protótipo de algo maior.
Do
Planalto Central do Brasil, uma gota se junta a outras e se perdem nas suas
inumeráveis irmãs e pela mesma razão de se apoiarem mais dias ou menos dias se
chamarão oceano; da Chapada dos Guimarães (GO) e do alto do rochedo, uma gota
despenca no vazio porque é atraída para a sua própria imensidão atlântica; do
Rio do Nunes (PR) (que também sou!) águas cristalinas, uma gota mergulha no mar
do Porto de Antonina (PR), portal da sua definitiva imensidão; de um outro rio
o Rio Sagrado (PR), uma gota se expande com outras no mar, seu definitivo
sagrado.
Enquanto
não entendemos a consubstanciação do existir, não entenderemos a abrangência do
amor, ou seja, lá o que for a beleza de tudo amar.
Gota
de mim, não mais exista!
Sou
o mar que se perde de vista.
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